Testemunho Vocacional

Quero ser Irmã!
Nasci em São José da Boa Vista no dia
21 de abril de 1970, numa casinha de barro, coberta de sapé, num sítio desta
cidade. Sou a segunda filha de Belino e Terezinha, fiéis católicos que, com 5
dias de vida, me levaram para entrar na grande família cristã pelo batismo, ou
seja, no dia 26 de abril, na Paróquia São José.
Quando tinha quatro anos de idade nos
mudamos para Curitiba. Aí vivi minha infância e adolescência. Moramos no bairro
Parque Industrial até meus 12 anos. Aos 6 anos iniciei minha vida escolar na
Escola Municipal Umuarama com o pré e aí estudei até a quarta série, como se
denominava na época. Foi um período de muitas experiências bonitas marcantes,
pois aí aprendi a ler, a escrever, a me comunicar mais com as pessoas, a
desenvolver meus dons que ainda hoje busco colocar a serviço do Reino de Deus.
Quando passei para a quinta série tive que ir para a Escola Emílio de Menezes,
pois a primeira era só até a quarta. Senti muito sair da Umuarama, pois estudei
com a mesma turma desde o pré e éramos muito amigos. Foi uma grande mudança ir
para a Emílio de Menezes, mas ao mesmo tempo gostei, pois minha irmã mais
velha, Silvana, já estudava aí e eu podia ir junto com ela, o que me trazia
grande alegria. Porém, no ano seguinte nos mudamos para outro Bairro, para a
Vila Oficinas e continuei meus estudos na Escola Natália Reginato. Nesta escola
fiz da sexta à oitava série. No ano seguinte a mudança foi bem maior, entrei no
convento e continuei os estudos em São Paulo. Mas não pense que esta mudança em
minha vida aconteceu assim de repente.
Meus pais eram muito católicos, não se
limitavam com a participação na missa, engajavam-se em grupos e pastorais. Neste
ambiente de fé, Deus, Jesus Cristo se tornaram importantes e presentes em minha
vida e tudo o que se relacionava a Eles me atraia. Assim, ver pessoas
consagradas a Deus na Vida Religiosa, era algo extraordinário para mim. Quando
as via, especialmente as Irmãs, sentia meu coração bater forte e o desejo de
ser como elas. Àquela famosa pergunta dos adultos: “O que quer ser quando
crescer?” Minha resposta era sempre a mesma: “Quero ser Irmã!” Esta ideia me
acompanhou até os dez anos de idade mais ou menos.
No início de minha adolescência, o
grupo de amigas que tinha da escola Umuarama não aceitava esta ideia de ser
religiosa. Começaram a me falar sobre todas aquelas imagens negativas que se
tem de convento: lá você fica presa, a Superiora é ruim e só manda, você não
pode fazer nada, você é castigada... Imagens equivocadas e cheias de
preconceitos. Comecei a sentir medo e desisti desta ideia, decidi que só seria
professora, a partir de então, esta seria minha resposta à famosa pergunta. Foi
o que fiz, porém, continuei participando com gosto da igreja. Desde meus 7 anos
de idade ajudava a mãe e o pai nas rezas dos terços nas famílias.
Esqueci por um tempo o desejo que
cresceu comigo de ser uma Mulher de Deus. Até que aos quatorze anos, quando
conheci na escola Natália Reginato na Vila Oficinas e na igreja da Vila Camargo
onde passamos a participar, um adolescente, Ricardo Hoepers, que falava muito
de seu desejo de ser padre. Isto foi despertando em mim o desejo de infância de
ser consagrada a Deus. Tornamo-nos grandes amigos na sétima série,
participávamos dos mesmos grupos na comunidade e estudávamos na mesma classe;
consequentemente tínhamos muito tempo para conversar sobre tudo e
principalmente do desejo de ser uma pessoa de Deus diante de tantas
necessidades que, como adolescentes, percebíamos. Falávamos de Deus, líamos a
Bíblia juntos e conversávamos sobre o que líamos. Esta amizade durou apenas um
ano, mas a intensidade foi enorme. Quando passamos para a oitava série, ele foi
embora para o seminário menor da Diocese de Curitiba.
Ao final daquele ano conheci uma
postulante das Irmãs Dominicanas de São José, Maria Eulália, que tinha ido de
férias para sua família que morava perto de mim. Conversei muito com essa
postulante e senti que nesta Congregação eu tinha meu lugar. Fui com ela
conhecer as Irmãs e seu trabalho mais próximo que era em uma creche em Campo Largo.
Foi aí que, aos quatorze anos decidi que entraria nesta Congregação. Mas como
ainda era muito jovem, as Irmãs me pediram para terminar a oitava série.
Durante este ano aproveitava os dias de folga da escola para ficar na
comunidade das Irmãs, o que ajudou a amadurecer minha opção de vida e a
conhecer de perto a vida em um convento. Eu já queria ir embora quando
terminasse o ano letivo, mas minha mãe estava nos últimos meses de gravidez de
meu último irmão, Jean, então insistiu que eu esperasse ele nascer, para que eu
pudesse ajudá-la em casa após o parto ao menos um pouco. Foi o que fiz.
Quando meu irmão tinha um mês de vida,
no dia 2 de fevereiro de 1986, às três horas da tarde de um domingo ensolarado,
deixei minha família para entrar definitivamente na Congregação das Irmãs
Dominicanas de São José, concretizando meu desejo de doar minha vida a Deus. Eu
estava tão feliz que nem percebi a dor de minha mãe que chorava
inconsolavelmente à porta de casa. Sentia-me livre por ser capaz de optar em
ser uma mulher de Deus respondendo ao seu chamado de amor. Fui para Campo
Largo, mas no dia seguinte viajei para Itapetininga, São Paulo, onde viveria a
fase do aspirantado junto com outras jovens. Nos primeiros dias de aspirante a
frase do salmo 99, “servi ao Senhor com alegria”, que rezamos na oração
comunitária, me tocou tanto que a tomei como lema.
Em Itapetininga iniciei meu segundo
grau cursando o magistério, este concluí em Itaporanga, na Escola Epitácio
Pessoa, pois no segundo ano, as aspirantes foram transferidas para a cidade de
Riversul, morava aí e estudava em Itaporanga. Em Riversul morei três anos.
Seguiu-se, então, muitas transferências de acordo com a fase a ser vivida na
Vida Religiosa ou a necessidade das Comunidades. Morei em Itapetininga, em Sorocaba,
na Suíça – Europa, em Miguelópolis, em Barretos, em Teresina – Piauí e no
momento estou em Itapeininga – SP há três anos.
Já faz 31 anos que estou na Vida
Religiosa e 24 anos que fiz minha consagração. Durante estes anos, passei por
muitos momentos difíceis, mas também muitos momentos alegres e maravilhosos,
confesso que aquela alegria que senti ao sair de casa para seguir a Jesus
Cristo, ainda me impulsiona a viver hoje o meu ser consagrada. Uma mulher que
seja canal da ternura, do amor e da misericórdia de Deus revelada em Jesus
Cristo, com alegria.
Ir. Jacinta Fátima de Souza

Desde a infância, a vocação religiosa chamava a minha atenção, pois as irmãs tinham comunidade nesta cidade e eu achava muito bonito as irmãs cantarem na missa. No período da adolescência o desejo de consagrar-se ficou um pouco obscurecido mas com a participação em encontros de despertar vocacional o chamado tornou-se mais forte e me motivou a ir em busca de um discernimento.
Conheci várias congregações religiosas e fiz a opção pelas irmãs Dominicanas de São José. Me identifiquei com a espiritualidade voltada para a contemplação da Palavra de Deus e o anúncio dela aos que mais necessitam. Ao longo da minha caminhada fiz várias experiências, conheci muitas realidades diferentes e todas foram oportunidade de crescimento e resposta aos apelos de Deus para a Missão.
Me sinto realizada na minha vocação e deixo um questionamento a você: Jesus Cristo continua chamando nas diferentes idades com muitas propostas para diferentes respostas. Todos somos vocacionad@s para o serviço do Reino. O mundo está sedento de Paz e esperança. A vida na terra está ameaçada e todos somos responsáveis pela continuação da Obra deixada por Deus. Não deixe que a vida passe por você. Imprima sua marca do bem a tod@s que encontrar pelo caminho; e se Jesus te pede para deixar tudo e segui-lo não tenha medo, ele fará o caminho com você.